Pedro Proença despedido da TVI

Na passada sexta-feira, dia 12 de abril, a Direção de Informação e Direção de Programas da TVI anunciaram, através de um comunicado, que Pedro Proença foi dispensado «com efeitos imediatos»: «Esta decisão editorial resulta do recurso apresentado por este advogado na defesa de um seu constituinte condenado a 8 anos de prisão por um crime de violação da sua filha», justificou a estação.
«As razões evocadas pela Defesa são contrárias aos valores e princípios que orientam a TVI na abordagem a um dos problemas mais sensíveis e gritantes da nossa sociedade: a violência doméstica. Porque assentam numa discriminação inaceitável, da condição de mulher e de mãe, que no entender do criminoso e do seu advogado compromete a isenção da Juíza», acrescentou.
O quarto canal esclareceu ainda: «Não está em causa a liberdade do exercício da profissão que cada um escolhe. Nem questionamos o facto de qualquer cidadão ter evidentemente o direito à sua defesa». Pedro Proença era comentador semanal do programa «Prolongamento» (TVI24) e presença regular no «A Tarde é Sua».
O advogado - que pediu o afastamento de uma juíza do Tribunal da Relação de Lisboa num processo de violação em que representava o arguido, argumentando que poderia haver «oscilação na neutralidade» por esta ser «mulher e certamente mãe» - reagiu ao despedimento num longo texto publicado no seu perfil de Facebook:
O MEU AFASTAMENTO DA TVI
Sem prejuízo do respeito pela opinião da TVI relativamente a esta questão, não posso deixar de contestar a validade das razões invocadas para o meu afastamento da antena da estação, bem como a adjetivação como criminoso de um arguido que ainda beneficia da presunção da inocência por não ter havido ainda decisão transitada em julgado.
Nos quatro anos de colaboração com a TVI, pautei a minha participação semanal na antena daquela estação pela defesa intransigente dos direitos de cidadania, igualdade de géneros, tendo, com risco próprio e de forma frontal, denunciado centenas de situações em que os direitos dos cidadãos foram colocados em causa, sendo dos comentadores que mais casos de violência doméstica denunciou e que mais se insurgiu contra a passividade do sistema judicial em defesa das vítimas.
Afirmar o contrário relativamente aos meus valores é fazer tábua rasa de todo esse histórico de colaboração e é sobretudo uma manifestação de ignorância total relativamente à minha pessoa e em relação a tudo o que fiz na TVI.
Os meus valores são inquestionavelmente os valores do respeito pelos direitos humanos, da igualdade de género, da cidadania e da justiça.
Lamento profundamente que a TVI tenha utilizado uma questão do foro da minha vida profissional para justificar o meu afastamento e que não tenha comunicado publicamente esta situação de forma a preservar quem tanto deu pela estação, de mais uma diabolização pública da sua pessoa, contribuindo para o julgamento público e desfocado que se gerou em torno desta situação, tudo com base numa interpretação sensacionalista e desfocada de um documento elaborado no âmbito da actividade profissional do visado.
Não prescindo contudo de agradecer publicamente ao Diretor de Informação da TVI a confiança e todo o apoio que me prestou durante esta longa colaboração que agora termina e da qual guardarei gratas recordações e de desejar melhores dias para a TVI.

Comentários