António Costa demite-se do cargo de primeiro-ministro
Esta terça-feira, 7 de novembro, o primeiro-ministro António Costa apresentou a sua demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça por suspeitas de crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência nos negócios do lítio e do hidrogénio verde.
«Ao longo destes quase oito anos em que exerço funções como primeiro-ministro, dediquei-me de alma e coração a servir Portugal e a servir os portugueses. Naturalmente, estava totalmente disposto a dedicar-me com toda a energia a cumprir o mandato que os portugueses me confiaram até ao termo desta legislatura», começou por dizer numa comunicação ao país, em direto do Palácio de São Bento, em Lisboa.
«Fui hoje surpreendido com a informação oficialmente confirmada pelo gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República de que já foi ou irá ser instaurado um processo-crime contra mim. Obviamente, estou totalmente disponível para colaborar com a Justiça em tudo o que entenda necessário para apurar toda a verdade seja sobre que matéria for. Quero dizer, olhos nos olhos aos portugueses, que não me pesa na consciência a prática de qualquer ato ilícito ou sequer de qualquer ato censurável. Como sempre, confio totalmente na Justiça e no seu funcionamento. A Justiça que servi ao longo de toda a minha vida e cuja independência sempre defendi», garantiu.
«É, porém, meu entendimento que a dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua integridade, a sua boa conduta e, menos ainda, com a suspeita da prática de qualquer ato criminal. Por isso, nesta circunstância, obviamente, apresentei a minha demissão a Sua Excelência, o Senhor Presidente da República», anunciou.
«Neste momento, permitam-me agradecer, em primeiro lugar, aos portugueses pela confiança que em mim depositaram ao longo destes anos e pela oportunidade que me deram de liderar o país em momentos tão difíceis quanto exaltantes. Quero agradecer a todos os titulares do órgãos de Soberania, ao Senhor Presidente da República e à Assembleia da República pela forma como sempre mantivemos uma saudável solidariedade institucional, agradecer às regiões autónomas, agradecer às autarquias locais e aos parceiros sociais a forma como agimos coletivamente em prol do nosso país. Quero agradecer muito reconhecidamente a todas e a todos aqueles que serviram nos meus três Governos. Quero dirigir uma palavra de simpatia e de gratidão para com todos os líderes e dirigentes partidários dos partidos da oposição, dos partidos que durante vários anos comigo mantiveram um acordo de incidência parlamentar e, muito especialmente, como é óbvio, ao Partido Socialista. Por fim, uma palavra muito sentida de agradecimento à minha família, muito em especial à minha mulher, por todo o apoio, todo o carinho e os muitos sacrifícios pessoais que passou ao longo destes oito anos», acrescentou.
«Esta é uma etapa da vida que se encerra e que encerro com a cabeça erguida, a consciência tranquila e a mesma determinação de servir Portugal e os portugueses, exatamente da mesma forma como no dia em que aqui entrei pela primeira vez como primeiro-ministro», rematou.
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