António Sala: «Aprendi que há coisas que se fazem às vezes pelo dinheiro e que dão mau resultado»

A propósito dos seus 60 anos de carreira, António Sala concedeu recentemente uma entrevista à revista TV7 Dias. Desafiado a fazer um balanço das últimas seis décadas, o apresentador e radialista confessou: «É difícil fazer um balanço global porque é muito tempo, é muita coisa. É uma caminhada que é feita com muitos tropeções, de uma forma difícil. Caí muitas vezes. Na altura eram coisas que nos traumatizavam. Hoje, algumas delas eu penso de uma maneira mais fria e digo que foi bom que tivesse acontecido. Porque fez-me, se calhar, arrepiar caminho numas coisas. Noutras ajudaram-me a entender que a vida é difícil. E, portanto, tudo isso acabou por contribuir para ir formando o homem que eu sou e a pessoa que eu sou. Acho que é uma carreira, acima de tudo, feita com muita paixão. Eu amo aquilo que faço».

António Sala admitiu que sofreu «mais que um» trambolhão na sua vida: «Por exemplo, aprendi que há coisas que se fazem às vezes pelo dinheiro e que dão mau resultado. Eu estava numa boa altura da minha carreira e aparecem uns sujeitos de Espanha. Vieram fazer-me uma proposta de uma coisa que eu não gostei logo, que eram umas pulseiras que usava toda a gente, chamadas pulseiras de Tucson. Na altura disse-lhes que não, mas eles insistiram», recordou.

«Eu cheguei a casa e contei à minha mulher. Tínhamos comprado casa há pouco tempo, e ela disse "eles que paguem a casa. Dá-lhes uma coisa que eles vão dizer que não". Foi o que eu fiz e eles aceitaram. Claro que os resultados, para mim, foram maus porque algumas pessoas ficaram com a impressão de que "este sabe perfeitamente que está a vender uma coisa que não tem eficácia". E ouvi coisas do género: "Olha, o outro Sinhozinho Malta, das pulseiras portuguesas". Foram coisas que me magoaram porque eu não queria fazer uma carreira à base disso, queria uma carreira séria. Do ponto de vista financeiro foi bom, mas, por outro lado, não é uma coisa de que me orgulhe», rematou.