SIC arrasa Cristina Ferreira


Pouco mais de um mês depois de Cristina Ferreira ter contestado a petição inicial interposta pela SIC, na qual lhe é exigido o montante de 20 milhões de euros por quebra contratual, a estação de Paço de Arcos respondeu de forma arrasadora e a revista TV7 Dias revelou todos os pormenores.
De acordo com os factos constantes no documento, «as rés [Cristina Ferreira e a sua empresa Amor Ponto] entendem que uma das vertentes para a qual foram contratadas relacionava-se com o 'desempenho de funções de direção estratégica e de programação de toda a área do entretenimento'», mas «a autora [SIC], sabendo deste anseio profissional de Cristina Ferreira, lhe terá aberto a porta 'da direção estratégica de entretenimento da autora' e ainda 'quando a autora apresentou à ré Cristina Ferreira uma proposta global de trabalho (...) deu natural ênfase às funções que declarou querer que a ré Cristina Ferreira passasse a desempenhar para si, nesta segunda vertente, e salientando o papel e a ação que a ré Cristina Ferreira iria ter, se aceitasse consigo contratar, nesta matéria de direção estratégica de toda a área de Entretenimento da estação».
A estação garante que «nunca lhe foram deferidas quaisquer funções de direção estratégica», mas sim foi contratada «para o exercício das funções de consultoria executiva, as quais seriam exercidas 'na dependência do diretor-geral de Entretenimento', Daniel Oliveira», ou seja, apenas iria colaborar na «definição da direção estratégica e programação da SIC, podendo ser consultada sobre os rostos da estação, os formatos e programas atuais e futuros da autora, as estreias, os eventos especiais organizados, as movimentações na concorrência e ainda sobre comunicações e audiências».
Quanto à sua função de consultora executiva, um dos fatores do seu descontentamento profissional por considerar que não lhe foi solicitada nenhuma colaboração a esse nível, a SIC contrapõe afirmando que a apresentadora «assumiu a coordenação editorial de todos os programas que apresentou (...) Para além de O Programa da Cristina, Cristina Ferreira escolheu livremente o outro formato que quis apresentar: O programa Prémio de Sonho». Além disso, Cristina «foi frequentemente consultada, sempre que tal lhe era solicitado ou sempre que Cristina Ferreira espontaneamente resolvia fazê-lo (...) sendo a sua opinião sempre ouvida».
Cristina Ferreira alegou que o presidente executivo do Grupo Impresa, que detém a SIC, «lhe assegurou que iria mudar esta situação», mas afinal «não é verdade que Francisco Pedro Balsemão tenha assegurado 'que iria mudar essa situação', desde logo porque, no entendimento da autora, nunca houve qualquer situação que carecesse de mudança, dado que os compromissos assumidos pelas partes se encontravam a ser, como sempre, pontualmente cumpridos».
A estação desmentiu ainda que «Daniel Oliveira não mantinha relação com a ré Cristina Ferreira e não a consultava» e que a relação entre os dois «foi pautada pela cordialidade, profissionalismo, respeito e colaboração mútuos».
Nos vários pontos da contestação, é sugerido que a apresentadora se sujeitou a uma exposição elevada em «O Programa da Cristina», mas a SIC garante que Cristina «era a principal coordenadora» e «principal responsável» do talk show matinal, nunca tinha sido imposto ou solicitado que ela «adotasse determinada conduta ou comportamento, no sentido de expor a sua vida privada ou íntima, nem tão-pouco lhe prometeu qualquer contrapartida em função dessa exposição».
Em relação às chamadas de valor acrescentado, uma das fontes de receita contempladas no pedido de indemnização, a SIC esclarece que «a existência de micro-espaços e IVRs são realidades que, desde início, sempre se encontraram previstas como elementos queridos e pretendidos pelas partes na execução contrato».
A eterna parceira de Manuel Luís Goucha decidiu abandonar a SIC a 17 de julho de 2020, uma sexta-feira, para não prejudicar, mas o canal alega que «só por grosseira incúria e má-fé podem as rés pretender convencer que a sua saída não teve qualquer impacto no programa que foi para o ar 48 horas depois da cessação unilateral e abrupta do contrato», uma vez que foi necessário «reconfigurar todo o programa, nomeadamente a nível de grafismo, produção, realização, coordenação». Além disso, a equipa perdeu mais de 17 elementos, entre eles André Manso (diretor de produção) e João Patrício (diretor de conteúdos e realizador).

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