Saída de Judite Sousa da CNN Portugal dá que falar!

Afastada do pequeno ecrã há várias semanas, Judite Sousa já não volta à CNN Portugal. Esta segunda-feira, 1 de agosto, a conceituada jornalista confirmou a sua saída do canal de informação da Media Capital, dona da TVI, que foi inaugurado por si em novembro do ano passado.
No Facebook, Judite Sousa afirmou que já não é mais «figura pública»: «Há um mês e meio que sou uma cidadã portuguesa que faz a sua vida e paga os seus impostos». «Denunciei o meu contrato a recibos verdes», revelou na caixa de comentários da publicação.

Duarte Siopa revelou o que sabe!

No programa «Manhã CM» desta terça-feira, 2 de agosto, Duarte Siopa expôs os motivos «bastante graves» para a saída da jornalista: «Esteve cinco meses a trabalhar sem contrato de trabalho e só há dois meses é que teve um contrato de trabalho assinado», atirou em primeiro lugar.
O apresentador da CMTV revelou que a pivô «foi para a guerra [da Ucrânia] sem contrato de trabalho e sem seguro de saúde, inclusive, a Judite esteve doente, teve que chamar duas vezes uma equipa médica ao hospital e teve que andar a pedir dinheiro emprestado ao câmera porque não tinha dinheiro».
Duarte Siopa contou ainda que Judite Sousa foi nomeada coordenadora editorial, mas essa informação não foi transmitida às equipas: «Sente-se uma mulher que foi traída, sofreu de bullying e que não foi apoiada pela estação». «Esteve cinco meses a trabalhar sem ganhar um euro. Ela passou um recibo verde para receber», rematou.

A resposta de Nuno Santos, diretor de informação da TVI/CNN Portugal

Cerca de três horas depois, Nuno Santos reagiu às informações veiculadas na CMTV e entrou em direto no programa «Dois às 10» para deixar um «conjunto de esclarecimentos» aos telespectadores. «De facto, a saída da Judite é uma circunstância, uma situação que nos deixa bastante tristes», começou por lamentar.
«Vamos lá por partes: ponto número 1, nós tivemos conhecimento ontem nas redes sociais que a Judite terá denunciado o seu contrato de trabalho; para nós, isso foi uma novidade porque não é essa a informação que nós temos aqui, a Judite tem um contrato de prestação de serviços com a TVI e com a CNN Portugal e está de baixa médica, a seu pedido, até ao próximo dia 11 de agosto», explicou.
«Segundo facto: hoje têm sido incessantemente repetidas notícias, por exemplo, que dão nota de que quando a Judite foi como enviada especial para a guerra da Ucrânia o terá feito – e portanto isso seria algo a apontar-nos – sem seguro, o que num teatro de guerra é algo impensável, isso também não é verdade. A Judite foi para Lviv, na Ucrânia, obviamente, com um seguro», esclareceu.
«Ponto número 3: também terá sido dito que, nessa circunstância, a Judite terá estado, por exemplo, sem acesso a dinheiro, sem condições para trabalhar, (...) isso não tem correspondência com a verdade. Ainda outra nota que está hoje um pouco espalhada pelas redes sociais e divulgada por um canal de televisão, que tem obviamente ajustes de contas para fazer connosco, que nós do ponto de vista editorial não teríamos colocado à disposição da Judite todos os meios para ela fazer o seu trabalho. Ora, isso não é verdade: a Judite escolheu a equipa com a qual quis trabalhar, escolheu esse conjunto de pessoas e nós, na direção, demos-lhe todo o apoio ao longo de todo este processo», garantiu.
«Não podemos deixar que no espaço público se digam inverdades, mentiras sobre aquilo que está a acontecer e não permitiremos que isso aconteça», finalizou.

O comunicado oficial da CNN Portugal

«Judite Sousa tem com a CNN Portugal um contrato de prestação de serviços. A natureza do vínculo (assente nos chamados “recibos verdes”) foi acordada pelas partes, por proposta da própria jornalista;
– Neste momento, Judite Sousa mantém o vínculo à estação, estando ausente por baixa médica até ao dia 11 de agosto;
– No cumprimento dos procedimentos internos, que se aplicam a todos os colaboradores da empresa, o pagamento por prestação de serviços acontece mediante apresentação de fatura. Judite Sousa esteve, de facto, uns meses sem receber porque não enviou fatura, apesar de ter sido instigada várias vezes a regularizar a situação. Neste momento, a empresa não deve 1 euro à jornalista;
– Sobre o seguro de saúde, e com vista a ter uma proteção superior, o que se fez aquando da partida de Judite Sousa para a Ucrânia foi um contrato com inscrição na Segurança Social. Isso aconteceu com a concordância da jornalista e do seu advogado. A empresa agiu com zelo neste caso e no de todos os jornalistas que desde fevereiro têm estado a cobrir o conflito;
– A direção da CNN Portugal está confortável com a forma como tratou Judite Sousa ao longo destes meses. Fê-la sentir-se desejada e acarinhada no regresso à televisão, procurou protegê-la nas suas vulnerabilidades, foi compreensiva perante as ausências motivadas por questões de saúde. Acresce que Judite Sousa teve condições únicas para trabalhar, com uma equipa de profissionais de primeira linha, escolhida pela própria e que esteve sempre ao seu lado.»

A reação de Judite Sousa

«Em primeiro lugar, quero deixar uma palavra de estima ao empresário Mário Ferreira. Encontrámo-nos uma vez e foi de uma simpatia inexcedível. Em segundo lugar, quero agradecer ao Nuno Santos por me ter “tirado” do sofá e me ter escolhido, sem que eu o pedisse, para abrir as emissões da CNN Portugal. Em terceiro lugar, quero dizer que o meu contrato de trabalho acabou mais cedo por minha e exclusiva iniciativa. Porquê? Porque entendi que quero tentar ser feliz e que para isso tinha que sair do espaço público. Foi uma decisão de VIDA. Em quarto lugar, quero dizer que o meu contrato - recibos verdes - foi assinado pela empresa (direção de recursos humanos e direção financeira) na primeira semana de maio.
Gostaria ainda de dizer que não existindo contrato assinado, também não existiu remuneração. E porquê? Porque como as minhas funções editoriais não eram assumidas perante o grupo de trabalho, entendi que não assinaria o referido contrato de trabalho. Foi nestas circunstâncias que fui para a Ucrânia, tendo manifestado vontade para o fazer. Sabia que não tinha contrato de trabalho, mas não sabia que não tinha seguro de saúde. A empresa, ao dar conta do problema, elaborou um contrato de trabalho com uma duração de 30 dias. Acontece que o erro já estava feito. Eu estava ausente do país e esse documento nunca existiu à face da lei porque nunca foi assinado por mim. Sem dinheiro? Sim. Nunca vi uma moeda ou uma nota Ucraniana. Para beber uma água, tomar um café, almoçar, pedia ao jovem repórter de imagem que pagasse a minha despesa.
E assim se passaram duas semanas. Com uma chamada de uma equipa médica de urgência ao hotel em Lviv onde fui injetada duas vezes. E foi esta a minha “guerra”. No entretanto, excedi e muito as minhas funções contratuais: estive na noite eleitoral, no jubileu de platina da rainha com 12 reportagens em 4 dias para não falar dos múltiplos directos. Dito isto, estou grata e, principalmente, estou confortável com este ciclo, novo mas breve. A vida é demasiadamente efémera para nos desgastarmos quando podemos tropeçar na morte ao virar da esquina. Felicidades Mário! Felicidades Nuno!», escreveu no Instagram.

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