Judite Sousa: «Não houve ninguém que me dissesse que eu tinha de parar para fazer o luto do meu filho»
Judite Sousa esteve recentemente no programa «Goucha», da TVI, para a primeira entrevista após o regresso à televisão. A jornalista falou sobre a pausa na sua carreira: «Nesses dois anos e meio em que estive parada, eu imaginei que nunca mais voltaria a fazer televisão. (...) Durante alguns meses, eu aproveitei para viajar; quando surgiu a pandemia fiquei em casa, vi todas as séries da Netflix e HBO, escrevi, li e fiquei a fazer o meu luto que não tinha feito há sete anos atrás. Do André».
«Quando o André faleceu, não houve ninguém, mas ninguém, a começar pelos médicos, que me dissessem que eu tinha de parar para fazer o luto do meu filho e foi por isso que eu voltei a trabalhar (...) porque ninguém me disse que eu tinha que fazer o luto do meu filho», recordou.
«As pessoas que me falaram, na altura, disseram que eu devia voltar a trabalhar como forma de me salvar, mas na realidade eu vim a perceber mais tarde, mediante as diversas conversas que fui tendo com os médicos, que o luto devia ter sido feito nessa altura e, na realidade, não foi. Acabei por fazer o luto nestes últimos três anos», explicou. «Foi [uma coisa pacificadora] porque o tempo não resolve o problema de fundo, como é óbvio. O cardeal Tolentino Mendonça disse uma vez que a morte de um filho é um naufrágio, eu subscrevo inteiramente», acrescentou.
Visivelmente emocionada, a pivô da CNN Portugal confessou: «O tempo ajuda-nos a conseguirmos ver os acontecimentos trágicos de uma outra forma, com mais serenidade, com mais ponderação. Ou seja, quando morre um filho, nunca se consegue verdadeiramente fazer o luto na sua plenitude, mas tem que se fazer alguma coisa e foi isso que eu fiz nestes últimos três anos».
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