Madalena Abecasis: «Era o que mais faltava ter de ser o eu que os outros pensam que sou, sempre»

Na passada segunda-feira, 7 de fevereiro, Madalena Abecasis publicou um longo desabafo no Instagram: «Era o que mais faltava ter de ser o eu que os outros pensam que sou, sempre. “Txii nem pareces tu a falar.” No outro dia ouvi a Laurie Anderson num podcast e concordei em absoluto com o que ela disse. Nos dias que correm, é-nos a todos exigido - e cada vez mais - genuidade. Mas o que é isto de ser genuíno? Tentar ter um estilo próprio, ser coerente nesse estilo, ser o que os outros pensam que somos... isso é uma armadilha. É um trabalho difícil e psicologicamente perigoso montar essa personagem e fazer com que acreditem nela, como se fôssemos um boneco. E é um grande erro tentar ter essa consistência, quando nos dizem “não estás a ser genuíno, não pareces tu”», começou por escrever.
«Porque hei-de querer ser um eu, uma versão que vos foi vendida em algum momento, do que achei que pensavam que eu era? E por isso digo para pararem de ser consistentes, não se preocupem em ser consistentes. Porque nós somos muitos eus. Temos muitas formas e cores dentro de nós. O que é um dia, amanhã já não é. E não há que ter medo disso. De mudar de opinião. De não sermos a pessoa que os outros imaginaram em determinado momento que seríamos. Ninguém é consistente, não é natural. É como aqueles feeds de Instagram sempre nos mesmos tons. Não temos só um tom. Temos todo um arco-íris, temos o preto, temos o branco. A nossa inconsistência é brilhante e é isso que faz de cada um, um ser especial. Ser genuíno é ser contraditório. É mudarmos, é evoluirmos. Já pensaram o que seria ser sempre a mesma pessoa? Deus me livre! Tudo calculado, tudo previsto, sem novidade, saber de onde viemos e para onde vamos. Aborrecido! Vão existir sempre pessoas com opiniões sobre nós, que pensam conhecer-nos, que “sabem” quem somos».
«Ser a pessoa que os outros acham que somos é impossível. E que assustador é uma pessoa não ser ela própria por causa da ideia que os outros têm dela. De não fazerem determinada coisa porque um dia disseram que nunca o iriam fazer. E cada vez mais vejo uma consistência perigosa nas pessoas. Nos jovens, nos adultos. As redes sociais vieram impor-nos ser a mesma pessoa desde o post 1 até ao post 1000. Não o façam. Sejam vocês, com todas as cores. Simplesmente. Ai de vocês se não forem tantos eus como eu», rematou.

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